sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

PRAZER, JACK CHICK!




Somente hoje fiquei sabendo que, em outubro último, morreu aos 92 anos Jack Chick. Para quem não sabe, Chick foi o criador da editora "Chick Publications", a única editora cristã em todo o mundo voltada quase que inteiramente para histórias em quadrinhos.



Segundo a opinião do Dr.Kent Hovind, amigo pessoal de Jack, "sem abrir a boca, seguramente ele foi a pessoa que mais almas ganhou para Cristo nesta Terra."



Desenhista de mão cheia (com um traço apurado e capaz de passear tanto pelo realismo, quanto pelo cartunesco e que lembra bastante, por exemplo, os da conceituada revista de humor "MAD"), assim que se converteu ao Evangelho, Jack fez o que muitos que trabalham na área artística não têm coragem de fazer: passou a usar seu talento exclusivamente para a pregação da Palavra criando algo até então inédito: a produção de quadrinhos. Por ser tímido para falar de Cristo pessoalmente com as pessoas, ele não teve dúvida na hora de recorrer ao que melhor sabia fazer como forma de pregação. Desse modo, o homem criou mais de 800 livretos evangelísticos que, até o momento, já foram traduzidos para mais de 100 idiomas tamanha a quantidade de pessoas impactadas pelos "sermões" que Jack expôs naquelas páginas (até em nações socialistas, mediante "contrabando santo", frutos foram colhidos). Não somente isso, mas, com o crescimento da editora, revistas quadrinizadas também começaram a ser lançadas. Tudo escrito e desenhado pelo próprio Jack até que, mais tarde, surgissem alguns poucos cooperadores.



São inúmeros os testemunhos obtidos mediante evangelismos realizados com o material da "Chick Publications" pelo mundo indo desde indivíduos que desistiram de um suicídio ao lerem determinada historinha a padres que se converteram e, embora aqui no Brasil, quase ninguém fora do meio fundamentalista conheça a Chick e seu fundador (muito porque temos uma indústria evangélica que investe mais na podridão do meio gospel do que em literatura cristã), na América os livretos e revistas da Chick causaram grande alvoroço e polêmica chegando ao ponto em que ele teve de se manter em total anonimato até o fim da vida (e de pensar que o que mais vemos hoje em dia é crente expondo a vida em redes sociais e, ainda por cima, mandando que o próximo também se exponha...). Tudo porque sofreu mais de 5 atentados motivados por pessoas de diferentes grupos (sem falar que teve a circulação de seus livretos proibida em países "abertos" como Canadá e África do Sul). E não poderia ser diferente, uma vez que, se a atual geração de "ativistas cristãos" é demagoga e preocupada em agradar "A" ou "B"; Jack não tinha travas quando precisava atacar o que é errado ou defender à Palavra de Deus. Isso reflete muito bem na sua obra que, em momento algum, se furtou de tratar sobre qualquer tema. Basicamente, todos os assuntos que eclodiram na sociedade americana e mundial da década de 1980 para cá foram amplamente explorados pela Chick: maçonaria, conspiração jesuíta, islamismo, comunismo (feminismo, aborto, movimento LGBT...), Wicca, espiritismo, seitas diversas, evolucionismo, ateísmo, satanismo, etc... Diga-se de passagem, não custa lembrar das HQ's Alberto, que sacudiram o meio religioso ao apresentarem, em 6 edições de formato Graphic Novel, a biografia do ex-sacerdote jesuíta Alberto Rivera numa narrativa de tirar o fôlego onde é revelado todo o plano diabólico que o Vaticano empreende para consolidar a religião mundial do Anticristo na Terra.



Enfim, Jack foi um grande exemplo de cristão, um homem com posicionamentos extremamente corretos e raros numa época com tantas opções e confusões no "mercado de filosofia de vida". Membro de uma igreja batista independente, defensor ferrenho do Texto Receptus (King James) e dispensacionalista convicto; ou seja, um fundamentalista em todos os sentidos.



A obra da "Chick Publications" é uma grande inspiração ao que faço em meu canal (onde procuro falar de tudo, porém com uma pitadinha de senso de humor vez ou outra de modo a dar uma respirada em temas que já são demasiadamente pesados). Todavia, gostaria que mais pessoas conhecessem à Chick e, dessa forma, pudessem também carregar consigo os bons valores que o legado de Jack nos ensina.



É uma pena que, quando a mídia americana se lembra de algum editor que tenha sido censurado e perseguido, geralmente só mencione nomes como Hugh Hefner ou Larry Flynt.

Leandro Pereira