sexta-feira, 19 de novembro de 2021

COMO A REFORMA PROTESTANTE DERROTOU A NOVA ORDEM MUNDIAL


Para alguém como eu, que acredita que a Igreja de Cristo, desde a sua criação, nunca deixou de existir, a Reforma Protestante está longe de possuir o peso de "redescoberta do Evangelho" que a maioria dos estudiosos a concede. Todavia, de forma alguma isso me cega para seu valor em diversos aspectos, sendo um dos principais o freio posto por ela ao avanço de um projeto globalista que, se dependesse do diabo, certamente teria implantado o reino da besta ainda na Idade Moderna: o imperialismo católico. Qualquer cristão - anabatista ou protestante - daqueles dias não tinha qualquer dúvida de que o anticristo descrito na Bíblia era o papa do momento (leia O Livro dos Mártires e terá uma boa noção de como tal ideia era comum ao cristianismo da época). E, de fato, quando testemunhamos o que alguns estudiosos de geopolítica hoje dizem acerca daquilo que foi o catolicismo medieval, apenas podemos regozijar pelo movimento iniciado por Martinho Lutero.

Em A Virtude do Nacionalismo, por exemplo, o judeu Yoram Hazony defende que a melhor defesa contra a Nova Ordem Mundial (segundo ele, uma espécie de releitura do Sacro Império Romano-Germânico) é a preservação da soberania de cada nação, o que o leva a localizar a eclosão do protestantismo como uma pedra no sapato do globalismo nos séculos XVI e XVII. A equação feita pelo escritor para concluir isso é simples: graças à Reforma foi posto em prática um conceito geopolítico baseado na configuração do governo israelense do Antigo Testamento: o Estado nacional ou, como Hazony gosta de chamar, a "ordem protestante"; isto é, nações livres política e religiosamente, fora do radar daquela estrutura supranacional religiosa que era o império católico; aquilo que a maioria dos países atualmente são (ou deveriam ser). Sofrendo tamanho golpe, automaticamente a força globalista do pontífice romano foi enfraquecida para, na sequência, receber o tiro de misericórdia mediante a chegada de traduções bíblicas nos mais diversos idiomas, bem como do livre ensino das Sagradas Escrituras.

Portanto, gostemos ou não, a Reforma Protestante - com todos os seus defeitos - foi inegavelmente uma ferramenta nas mãos do Senhor para quebrar uma tentativa de implementação de um governo único sobre a terra, um sopro de misericórdia divina sobre o mundo de 5 séculos atrás, uma agradável surpresa a toda uma geração de crentes que acreditava piamente ser contemporânea do anticristo. Que todo 31 de outubro venha para nos lembrar de que - mesmo nesta existência maldita - a esperança de dias melhores jamais deve morrer em nossos corações, afinal, "há tempo para todo o propósito debaixo do céu." (Eclesiastes 3:1).

Leandro Pereira

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