quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

SIM, O EVANGELHO É RELIGIÃO


RELIGIÃO é uma palavra que vem do latim religare (religar), cuja aplicação original diz respeito a religar o homem com Deus. Sendo assim, devemos tomar cuidado com o velho chavão de que "o Evangelho não é religião". Na verdade, temos de dizer que "o Evangelho é a única religião existente", isto é, o único meio de religar a humanidade ao Criador. Do mesmo modo, o religioso não deve ser confundido com aquele praticante de uma crença vazia e puramente mecânica, mas sim com aquele cuja espiritualidade está atrelada ao Evangelho. Tudo aquilo que nosso mundo caído convencionou chamar de religião, portanto, não passam de meras cópias toscas do modelo estabelecido pelas Sagradas Escrituras acerca de uma vida ao lado do Altíssimo.
Tal padrão novilinguístico não foi estabelecido à toa, e sim precisamente para constranger àqueles que, mesmo com seus constantes erros e fracassos, levam a Palavra de Deus a sério e buscam obedecê-la, visto que; ao ser disseminada no seio social a ideia de que "disciplina espiritual" é sinônimo daquelas obras mortas pertencentes às chamadas "religiões", automaticamente o amante das Escrituras passa a ter vergonha de ser um guardião de mandamentos (ainda que os mandamentos em questão partam do genuíno religare). O resultado não poderia ser diferente: a palavra religião, junto a seus derivados, abandonou sua etimologia para tornar-se um termo pejorativo, um xingamento; ao passo que o crente bereano passou a ser taxado de fariseu. Então, para não cair nesse rótulo, o cristão acaba na maioria das vezes negando-se a ser bereano (assumindo um cristianismo morno, que Deus vomita da boca, isto é, antes mesmo de descer por sua garganta tamanho é o asco que lhe causa).
"E logo os irmãos enviaram de noite Paulo e Silas a Beréia; e eles, chegando lá, foram à sinagoga dos judeus. Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim."- Atos 17.10-11
"Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca."- Apocalipse 3.15-16
Aos cristãos de plantão, eu digo: tomem cuidado, meus queridos. Compreendo o que estão querendo dizer quando afirmam que Evangelho não é religião, porém devemos chamar as coisas pelo que elas são, do contrário aquilo que começa como uma deformação na linguagem acaba assumindo contornos reais em nosso cotidiano. Lembrem-se de que "fundamentalismo" sempre foi uma palavra usada para designar aquele que toma de modo literal a doutrina na qual acredita (tanto que, no meio cristão-evangélico, o fundamentalismo é usado orgulhosamente de maneira auto-descritiva pelas igrejas que se consideram sérias). Contudo, atualmente "fundamentalista" virou sinônimo de terrorista, lunático ou algo do tipo; o que já está levando muitos fundamentalistas a terem vergonha de se definirem dessa forma, de modo que preferem se nivelar com os "descolados" e "mentes abertas" a serem tidos como xiitas cristãos.
A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.- Tiago 1.7
Até admito que as imitações baratas sejam chamadas de religiões (no sentido de que não deixam de ser religações com outros "deuses"), porém não abro mão de chamar a Palavra do Pai de religião. Não custa lembrar que, ao definir a verdadeira religião, Tiago deixa claro que devemos nos guardar da corrupção que há no mundo, no que eu indago: como realizar tal tarefa de outra maneira, que não mediante uma vida que assimile a gravidade da doutrina bíblica? Aliás, não foi isso o que Paulo declarou a Tito?
"Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, Linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós."- Tito 2.7-8

Leandro Pereira

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