sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

SE PASSOU NA TV, EU ACREDITO




Um dos meus episódios favoritos do seriado Além da Imaginação (a primeira versão, de 1959, que para mim é a única que vale) se chama Estática e fala sobre um idoso que não se conforma com o fim da Era de Ouro do rádio e a maneira como o público migrou para a televisão. Num arroubo de indignação contra seus colegas de pensão (todos eles viciados em TV), o protagonista dispara: "Sabe por que vocês gostam tanto disso? Porque são o tipo de gente que precisa ver para crer." Ao escutar essa fala, imediatamente me veio à mente que, curiosamente, aquela produção estava observando um fenômeno comportamental que se tornava cada vez mais comum: a aceitação da televisão como prova cabal e palavra final para toda sorte de assuntos. Não mais o "ver para crer", e sim o "ver NA TV para crer". Resultado:
Hoje, tomamos os remédios que a TV, com seus "especialistas", anuncia.
Hoje, entendemos como arte o que a TV promove de tal forma.
Hoje, cremos na ciência validada pela TV (as missões da NASA, por exemplo, só são reais porque vemos na tela).
Hoje, seguimos uma moda que a TV diz estar na moda (preocupação essa, aliás, que só existe porque a TV diz que precisamos estar na moda).
Hoje, encaramos a vida da maneira que mocinhos e vilões de filmes e novelas encaram.
Hoje, acreditamos que nem mesmo a Bíblia pode dizer o que diz, e sim passar a dizer aquilo que os formadores de opinião da TV dizem.
Não por acaso a elite satânica quer tanto controlar a internet, pois ela mais atrapalha seus planos do que coopera com eles, afinal; se antes tínhamos apenas os agentes midiáticos como fonte de informação, agora temos a nós mesmos trocando conhecimento, experiências e opiniões uns com os outros de forma absolutamente independente. Pessoas que vinham substituindo tradições, crenças e valores por aquilo que os padrões televisivos estabeleciam como tais, agora têm seus olhos abertos. Percebe-se, enfim, que no mundo literalmente "fora da caixa" existem muitos que não só recusam a ideia de curvarem-se perante os ditos de Rede Globo e cia, como trazem para as redes sociais, sites e vlogs elementos contrários a bastante daquilo que a TV exibe.

Leandro Pereira

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