RETROSPECTIVA 2017: A EXPLOSÃO DO SERTANEJO FEMININO

O sertanejo universitário chegou para promover entre as mulheres de fora do universo do funk a mesma vulgarização presente nas funkeiras. Dessa forma, elas poderiam ser tão cachorras quanto, porém sob a vantagem de abraçarem um estilo musical aparentemente mais refinado e, consequentemente, menos marginalizado. Agora, como cereja do bolo, chega o sertanejo universitário "feminino" para pegar esse público de freios sexuais já destravados pela onda anterior e, numa jogada brilhantemente diabólica, transmitir a essas moças um padrão comportamental até então visto apenas entre homens cafajestes. Ora, não é que inexistissem mulheres envolvidas com alcoolismo, linguagem chula, promiscuidade, glamourização do adultério, frieza maternal ou apreço por embates físicos. O que me chama a atenção é que, graças à engenharia social por trás dessa modinha, é natural agora vê-las comprando o pacote completo, e não só parte dele.

Antes, quando eu escutava na TV frases como " peguei mais de dez numa noite" ou "entornei todas"; geralmente elas vinham de algum ogro jogador de futebol ou cantor sertanejo. Atualmente, contudo, dentre tantas outras inovações bizarras nos mais diversos segmentos da sociedade; se tornou muito comum ouvir tais frases na boca de cantoras.

E, sabe o que é mais satânico? O fato do instrumento para isso ser a mulher do campo, um ambiente que, historicamente, sempre representou uma polaridade oposta ao cenário urbano justamente por consistir num reduto da inocência e dos valores tradicionais.

Leandro Pereira